Disparidade de gênero na renda do trabalho no Brasil: uma análise da sua evolução no período de 1995 a 2021

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Data
Nov 2023
A disparidade de renda do trabalho entre homens e mulheres na América Latina é um obstáculo para alcançar a igualdade de gênero e o desenvolvimento sustentável. No Brasil, essa lacuna persiste apesar de as mulheres, em muitos casos, terem um perfil profissional melhor que os homens, o que sugere a existência de preconceitos de gênero. Verifica-se também que esta lacuna é maior entre os trabalhadores do setor informal. Existe também uma diferença heterogênea de rendas a favor dos homens na maioria das profissões. Para analisar a disparidade de gênero na renda do trabalho no Brasil entre 1995 e 2021, este estudo utiliza a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) harmonizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e são apresentadas duas metodologias para estimá-la: a decomposição de Blinder-Oaxaca e a decomposição de Ñopo. Ao longo de mais de duas décadas, a análise sugere a possível existência de preconceitos ou discriminação de gênero. Também permite observar uma redução gradual da disparidade total da renda do trabalho entre homens e mulheres no período considerado. Isto indica que são necessários esforços adicionais para compreender a disparidade registrada. A análise mostra que embora a lacuna total tenha sido reduzida - como aconteceu em muitos outros países da região -, geralmente esta diminuição está relacionada com a lacuna explicada (derivada das dotações dos indivíduos em educação, experiência de trabalho, idade) e não com uma redução da lacuna que não pode ser explicada por estas variáveis e que poderia estar associada a regulamentações diferenciadas por gênero, preconceitos, vícios ou discriminação, que persistem ao longo do tempo.