Inovação e competitividade nas cadeias de valor da mineração: o caso do Brasil

A exemplo de outras grandes empresas multinacionais, as mineradoras estruturam cadeias globais de valor (CGVs) adquirindo insumos e serviços de uma quantidade cada vez maior de fornecedores altamente qualificados, situados em países em desenvolvimento, como os da América Latina, região rica em recursos. Contudo, estudos empíricos recentes sobre as CGVs de mineração nessa região sugerem que mesmo os fornecedores locais mais inovadores encontram dificuldades para explorar as suas inovações nos mercados locais e estrangeiros. Usando um quadro conceitual que combina a literatura sobre inovação e CGVs, este estudo analisou como diferentes fatores em nível global/regional, e em nível local, de empresa, interagem e se combinam de forma a influenciar e moldar o nível de competências e aquisição de capacidades inovadoras de fornecedores locais no setor de mineração do Brasil. O estudo explorou essas questões usando dados primários coletados em 2019 no país, assim como fontes secundárias diversas. As principais conclusões do estudo abordam questões relacionadas aos seguintes tópicos: (i) estratégias usadas por fornecedores nacionais para desenvolver soluções inovadoras para grandes mineradoras; (ii) como maior nível de preocupação com saúde e segurança instigaram a inovação após os conhecidos desastres socioambientais de Mariana e Brumadinho; (iii) capacidades de inovação dos fornecedores brasileiros para o setor de mineração, anteriormente desconhecidas no mundo; e (iv) os principais obstáculos ao desenvolvimento de práticas inovadoras entre os fornecedores nacionais. A partir das conclusões do estudo, propõe-se um conjunto de políticas públicas capazes de incentivar as grandes mineradoras a adquirirem, com maior frequência, produtos e serviços inovadores de fornecedores nacionais do setor. São ainda discutidas oportunidades que, tal como a “Corrida do Cobre” no Brasil, poderiam estimular mais inovações na mineração.